Escalas Katz e Lawton: A ciência por trás do diagnóstico de dependência
Tomar banho x pagar contas
Você sabia que existe uma diferença crucial entre precisar de ajuda para tomar banho e precisar de ajuda para pagar contas? E que confundir essas duas necessidades pode custar milhares de reais em cuidados desnecessários?
Esta é a diferença que as escalas Katz e Lawton revelam. Não são apenas questionários - são ferramentas científicas que separam o que é coisa da idade do que é sinal de dependência.
O problema que as escalas resolvem
Imagine tentar medir a temperatura com as mãos. Você pode dizer se está quente ou frio, mas nunca saberá se são 36°C ou 38°C. É exatamente assim que a maioria dos filhos avalia a dependência dos pais: por sensação, não por medição.
As consequências dessa abordagem são graves:
- R$ 3.000/mês gastos com cuidadora 24h quando bastavam 4 horas diárias.
- Autonomia perdida por superproteção desnecessária.
- Acidentes evitáveis porque sinais sutis foram ignorados.
- Conflitos familiares sobre quem está exagerando e quem está negando.
As escalas Katz e Lawton transformam essa discussão subjetiva em dados objetivos.
Escala de Katz: As 6 atividades básicas da vida
Desenvolvida em 1963 pelo Dr. Sidney Katz, esta escala mede o que chamamos de sobrevivência independente. São as atividades que, se perdidas, significam dependência total:
1. Banhar-se - Capacidade de entrar/sair do chuveiro, lavar-se sozinho.
2. Vestir-se - Escolher roupas adequadas, vestir-se sem ajuda.
3. Usar o banheiro - Ir ao banheiro, limpar-se, vestir-se após.
4. Transferir-se - Mover-se da cama para cadeira e vice-versa.
5. Continência - Controlar bexiga e intestinos.
6. Alimentar-se - Comer sozinho sem supervisão.
Por que isso importa: Se seu pai perde independência em 3 ou mais dessas atividades, ele precisa de ajuda constante. Se mantém 5-6, pode viver sozinho com suporte pontual.
Escala de Lawton: As 8 atividades instrumentais da vida
Criada por M. Powell Lawton em 1969, esta escala mede a vida independente na comunidade. São as habilidades que permitem viver sozinho com qualidade:
1. Usar telefone - Discar, atender, fazer ligações.
2. Fazer compras - Planejar, ir ao mercado, pagar.
3. Preparar comida - Planejar refeições, cozinhar com segurança.
4. Cuidar da casa - Limpeza leve, organização.
5. Lavar roupa - Operar máquina, dobrar, guardar.
6. Usar transporte - Dirigir, usar transporte público, chamar táxi.
7. Tomar medicamentos - Lembrar horários, doses corretas.
8. Administrar finanças - Pagar contas, controlar orçamento.
O insight crucial: Muitos idosos mantêm as atividades básicas (Katz) mas perdem as instrumentais (Lawton). É aqui que a maioria dos filhos erra - oferecendo ajuda demais onde não precisa, e de menos onde é vital.
Como funciona na prática: O caso de Dona Marta
Dona Marta, 78 anos, mantinha todas as 6 atividades de Katz perfeitamente. Seu filho achava que ela estava ótima. Mas a escala Lawton revelou:
- Nota 0 em usar transporte (não saía mais sozinha).
- Nota 1 em fazer compras (só comprava o básico com ajuda).
- Nota 2 em preparar comida (comia alimentos prontos ou frios).
- Nota 0 em administrar finanças (contas atrasadas).
Diagnóstico: Dependência moderada nas atividades instrumentais. Ela não precisava de cuidadora, precisava de:
- Acompanhante 2x/semana para compras.
- Serviço de marmitas saudáveis.
- Automatização de pagamentos.
- Transporte para atividades sociais.
Economia: R$ 2.800/mês que seriam gastos com cuidadora desnecessária.
Por que profissionais confiam nessas escalas
Há 50 anos, médicos geriatras, enfermeiros e assistentes sociais usam Katz e Lawton porque:
- São validados cientificamente em milhares de estudos.
- Oferecem linguagem comum entre família e profissionais.
- Permitem acompanhamento da evolução ao longo do tempo.
- São objetivos - eliminam "achismos" e emoções.
Não é sobre rotular seus pais. É sobre entender exatamente onde estão para oferecer o apoio certo, na medida certa.
Do diagnóstico ao plano: Como aplicamos no seu caso
No Teste de Avaliação da SmartSenior, adaptamos essas escalas para o contexto brasileiro, considerando:
- Nossa cultura familiar (como filhos se envolvem nos cuidados).
- Recursos disponíveis no sistema público e privado.
- Realidade econômica das famílias brasileiras.
O resultado não é um rótulo de dependência. É um mapa personalizado que mostra:
- Onde focar sua atenção para prevenir problemas.
- Que tipo de ajuda contratar (e quanto investir).
- Como coordenar com outros familiares.
- Quando buscar ajuda profissional.
Pronto para substituir palpites por dados?
As escalas Katz e Lawton existem há décadas, mas poucas famílias têm acesso a essa ciência. Até agora.
Faça o teste e, em 15 minutos, você terá um diagnóstico científico do nível de dependência dos seus pais.
Não é sobre encontrar problemas - é sobre encontrar soluções precisas.
Porque cuidar bem começa medindo bem.







